Afición
Sou de uma terra cheia de afición, sou de Vila Franca de Xira, uma terra com muita tradição nesta festa dos toiros, considero impossível não gostar de touradas. Podem desculpar-se com a minha idade para refutar os meus argumentos, podem chamar-me sádica e dizer que tenho problemas psicológicos, mas nada daquilo que dirão vai alterar a minha maneira de ver a festa, a emoção que sinto quando assisto a uma corrida de touros, a alegria que tenho em ver os nomes da festa a alcançar o triunfo, o gosto com que oiço o passodoble, o entusiasmo com que aplaudo aqueles que fazem das corridas de touros um espectáculo inigualável. Um espectáculo cheio de arte, de emoção, alegria, nervosismo, ansiedade, sabedoria, entrega, dor, esforço… Numa praça de toiros pode assistir-se a tudo, desde colhidas que deixam as bancadas em alvoroço com medo do que pode advir da colhida, de lides triunfais, ver-se a satisfação estampada nos rostos de toureiros ou forcados contentes por terem desempenhado o seu “papel” convenientemente capaz de deixar os aficionados de pé a aplaudir a arte com executaram a pega ou lide!
E como o “essencial é invisível aos olhos” também nas corridas de touros existe muita coisa que não é visível numa praça de toiros. Possivelmente são essas ditas coisas que os senhores que se dizem anti-taurinos não têm conhecimento! A festa brava envolve cavaleiros, matadores, novilheiros, bandarilheiros, forcados bem como campinos, emboladores, empresários tauromáquicos, ganadeiros, veterinários… Gostava que todas as pessoas tivessem a oportunidade de visitar uma ganadaria para verem o que realmente é o touro bravo, o modo como vive, sendo o animal de campo com melhor qualidade de vida, desde alimentação, veterinários, etc, para verem que estes animais desde muito pequenos têm o instinto de investir, faz parte da própria raça, raça esta que sem a festa dos toiros não terá continuidade. “ «O touro bravo é criado com o fim único de ser um animal de lide». Quem o diz é a professora da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa, Maria Luísa Jorge. «A raça Brava resulta de um processo de selecção e transformação, até à obtenção de um animal que, não perdendo as suas características de investida, permite ser submetido, através do toureio. O produto final que se procura, na produção do touro de raça Brava é, efectivamente, a bravura, característica indispensável para a realização de qualquer tipo de espectáculo taurino», explica.» (…) «O touro bravo constitui, portanto, uma variedade única de touro selvagem, preservada graças às ganadarias, e que estaria condenada ao desaparecimento se os espectáculos taurinos fossem extintos. A não ser pela bravura, deixa de fazer sentido produzir esta raça, uma vez que as outras raças de bovinos apresentam resultados produtivos superiores, tanto no que diz respeito à carne como, naturalmente, ao leite».”. O toiro é a “personagem principal” das corridas! Sem um bom toiro não há triunfo possível.
É com o coração nas mãos que assisto às lides, é em completo nervosismo que vejo as pegas. “Torço” para que tudo lhes corra pelo melhor, o meu coração de aficionada quase que me “salta pela boca”, pois cada um sente à sua maneira aquilo que é festa. Uns sentem-no dentro da arena, outros nas trincheiras e, aficionados como eu, sentem-no das bancadas. É impossível explicar esta paixão pela festa dos toiros, possivelmente nem tem explicação, sente-se e pronto, como tal vou continuar a defender a festa brava com unhas e dentes, é algo que nos pertence que, no que depender de mim, não vou deixar que nos tirem! Não peço aos senhores anti que passem a ir a corridas porque é quase impossível, apesar de eu ter conseguido pôr uma amiga minha que dizia que não gostava de corridas numa praça de toiros e a gostar daquilo que é a nossa Festa, mas peço que tentem conhecer um pouco mais acerca da festa dos toiros, o funcionamento de uma ganadaria, o gosto que certos cavalos têm em tourear…
Ao terminar esta pequena, mas sentida, sequência de palavras e quase de lágrimas nos olhos, porque é esta festa, é a tauromaquia que me emociona digo, sem medos, VIVA À FESTA BRAVA, VIVA À NOSSA FESTA, VIVA AOS NOSSOS TOUREIROS, VIVA AOS NOSSOS FORCADOS, VIVA AOS NOSSOS CAMPINOS… VIVA! Esta festa está bem viva e recomenda-se!
Fortes saudações taurinas,
Lisa Valadares Silva